segunda-feira, 19 de julho de 2010

Comentários - Marcos Palmeira e Mudança do Código Florestal

Grata surpresa o texto do ator, que bem conhecemos, e produtor rural, novidade para mim, Marcos Palmeiras. São temas expostos em meu blog, com contornos diferentes.
Nosso representante do pequeno, talvez médio, produtor, deixa claro, como também deixei, que, com um discurso de proteção do pequeno, as alterações do Código beneficiam principalmente os grandes, pois, forçados pela lei em vigor, engatinhavam para alcançar ações de proteção ambiental. Perdoadas as multas, fragilizados os conceitos ambientais... esquecida a ecologia, que volta a seu limite de simples vocábulo sem ingresso no mundo real. Na verdade estou certa que esse caminhar em direção à proteção ambiental, embora com investimentos maiores, traria, pelo aumento e racionalização da produção, benefícios econômicos para o produtor.
Lembra que o alimento, base da vida inclusive da humana, vem do trabalho do pequeno e do médio produtor. Com as alterações, as multas serão anistiadas e eles poderão causar mais destruição ambiental, da mesma forma que os grandes, mas continuarão desconhecendo técnicas e ações que os preparem para aumentar a produtividade na sua fazenda ocupando áreas menores, propiciando locais para recomposição da vegetação original, sem perdas econômicas e até com ganhos. São condições básicas para enfrentar o rolo compressor das produções extensivas que são voltadas para o mercado externo, ignorando as possibilidades de produção para nosso mercado consumidor, sofrido com a fome, como afirma também o representante dos pequenos em seu texto. Cita a necessidade de apoio técnico e científico, para o que eu explicito a EMPRAPA.
Se inclui entre os produtores “agroecológicos”, vistos como sonhadores. Acho isto ótimo. Qual sociedade não precisa de sonhos que realizados a tornem mais justa em relação a seus integrantes e, portanto mais feliz. Permaneçam os sonhos e que se procurem suas realizações.
Não se põe, em nome de todos, contra o grande produtor. Claro, pois este é nosso suporte na economia mundial. A produção extensiva deve ingressar na era do resguardo de nosso patrimônio natural, hoje o bem mais cobiçado e, como em passado vários outros recursos naturais e produzidos - pau-brasil, minérios, açúcar -, gerando riqueza tão somente para os países mais ricos, sem qualquer benefício para os países dos trópicos, região do mundo detentora de alta biodiversidade, insumo industrial da era “bio”, biotecnologia, biociência. Creio mesmo que, com ousadia, as grandes empresas e as pequenas e médias devam disputar com os laboratórios e empresas de engenharia do mundo desenvolvido nesta era “bio”. Isto está sintetizado em uma frase do Marcos Palmeiras: “É preciso entender que uma floresta em pé vale muito mais que uma deitada”. Só retifico o termo floresta, pois as gramíneas e demais vegetações baixas ou rasteiras – nosso cerrado é a savana de maior biodiversidade no mundo - também são representativas de riqueza industrial e de equilíbrio ecológico e climático mundial.
Vale a pena ler o texto do Marcos Palmeiras no O Globo de 18 de julho, domingo.